quarta-feira, 8 de abril de 2009

Tão longe e tão perto...

Interessante como são as coisas. Nunca entendi muito bem a história da minha vida. Nasci no dia 09 de junho de 1973, às 6 horas da manhã no Hospital Moinhos de Vento. Meu pai Milton Mello Godoy, minha mãe Sandra Maria da Silva Godoy. Mas quem me registrou foi minha avó. Na minha certidão e em todos demais documentos consta Oscarlinda Bergenthal Cardoso da Silva como minha mãe e pai não registrado. Nunca pude entender isso. As explicações foram sempre as mais absurdas e até hoje não me conveceram. Talvez por não carregar no nome o sobrenome do meu pai sempre me coloquei tão distante da família Mello Godoy.
Sim, quando criança convivi com eles e tenho deliciosas lembranças da casa do Tio Nilson e da Tia Sônia com aquele pátio imenso e do quartinho no sótão da casa que mais parecia um esconderijo e lá eu adorava ficar horas brincando. Sempre achei minha prima Viviane lindíssima e os irmãos dela então todos uns gatos, mas eu gordinha, desajeitada e sem o sobrenome, não me sentia parte daquilo...
Na casa da Tia Edy eu amava brincar com as bonecas da Márcia, aliás a primeira Susy que eutive foi uma que tinha sido dela. A Tia Edy sempre tão doce, tão delicada, tão amável. Lembro que eu adorava ir lá porque ela sempre tinha guloseimas e Yakult...Nossa! E o Tio Figa, me fazia rir muito, sempre de bom humor , um jeitão único!
O Tio Darci tinha um jeitinho muito parecido com meu pai. Tratava a todos com muito carinho e sempre dava um beijão bem estalado segurando as bochechas, assim como meu pai também fazia!
Então adolesci e me afastei mais ainda. Virei adulta casei, tive filho, descasei, casei de novo, tive mais dois filhos, me formei, amadureci, envelheci. Sim, todos nós envelhecemos. Não que isso seja ruim, muito pelo contrário, nos tras mais experiência.
Agora com 35 anos vejo como foram inúteis os conflitos que tive com a minha identidade, poderia ter usufruido muito mais da companhia de pessoas maravilhosas , podia ter compartilhado mais experiências, podia ter criado mais laços. Mas não os fiz. E só eu sou responsável por isso!
Por isto, fiquei tão envolvida ao ver a possibilidade de resgatar estas raízes, estas pessoas!
Percebi nos relatos que sou sim Mello Godoy, que herdei valores e ensinamentos que me fazem ser parte disto tudo.
E eu quero ser parte!
E sou parte! Mesmo longe me sinto agora tão perto!

sábado, 21 de março de 2009

Lembrando de meu pai...

Lembrando de meu pai....No próximo dia 20 de março de 2009, meu pai, o sr. Militão Godoy, estaria completando 100 anos de nascimento.Hoje, em minha 2ª adolescência, aos 58 anos, retorno em pensamento a época da minha 1ª adolescência, entre 17 e 18 anos quando, numa presepada da vida, ele nos deixou para ir morar junto ao Grande Pai Deus Todo Poderoso.Lembrar do Vô Militão é muitíssimo gratificante pois ainda lembro como sendo uma figura simples, terna, companheira, bastante silenciosa e de um poder de aconselhamento com palavras sempre fáceis de serem compreendidas. Tais qualidades e mais algumas, posso afirmar em testemunho.Figura calma e de aparência sisuda mas que nunca amedrontou uma criança se quer, crianças essas, que por sinal, constantemente lhe pediam uma bala de hortelã ou mel que sempre carregava em seus bolsos a qual lhes dava carinhosamente. Tinha ainda os pedidos de um troco, “um nikle” como ele mesmo chamava, para comprar um saquinho de pipoca ou um picolé, nos finais de tarde dos dias de verão. Lembro ainda, da época do sorveteiro e sua corneta, que empurrava uma carrocinha de madeira, chamada sorvetes “Remy”, sorvete esse que após algumas lambidas virava um gelo só.Papai quando via o pipoqueiro nesta mesma época, arriscava a cantar uma musiquinha que aprendera em Santa Maria ou Cruz Alta que dizia: "Vai passando o pipoqueiro, Quem não gosta de pipocaÉ porque não tem dinheiro!" Neste curto período de companheirismo, lembro-me bem das festas em casa, na Lucas de Oliveira nº 48, tais como as Bodas de Prata em conjunto com o noivado da Tia Edi e do Tio Figa, na pequena Igreja N.Senhora Auxiliadora, que para tal festa, além dos preparativos com 1 semana de antecedência, minha Vó Ibrahima Mendes de Mello, preparou com capricho, um leitão assado em Cruz Alta e o enviou via trem noturno (VFRGS) para abrilhantar ainda mais a festa, festa esta que lembro, durou 2 dias seguidos com muito chope da Brahma.Sem contar das festas de Natal, com Papai Noel e tudo, onde o Vô Militão, alguns dias antes do Natal, pegava meu triciclo e mandava reformar na casa Torpedo, na rua Cristóvão Colombo e eu o ganhava novamente no Natal. Tinha também a noite de 31 de dezembro onde Vô Militão dava uma salva de tiros em seu revolver militar Schmidt West calibre 38 anunciando a chegada do Ano Novo. Eram estampidos secos que deveriam significar dias melhores aos novos dias de nossa família.Vale a pena citar também as festas da Paróquia Auxiliadora, onde havia as quermesses e por vezes, o Vô Militão e a Vó Alice eram os festeiros (responsáveis pela organização da festa), onde tinham sorteios, rifas, jogos, tiro ao alvo, um sistema de som onde os paqueras mandavam tocar músicas para os seus pretendentes. E lá estava o Vô Militão de terno e gravata recebendo e recepcionando as pessoas, conversando de mesa em mesa fazendo a sua social.Na época de solteira da Tia Edi, morávamos na Lucas de Oliveira em casa de 12 peças, e como morávamos na capital, era normal as afilhadas, primas e amigas irem estudar em Porto Alegre, onde acabavam morando em nossa casa, o que fazia com que a população e as necessidades femininas fossem enormes, e o custo dos cabelereiros e maquiagem eram proibitivos. Para resolver o problema, o Vô Militão montou em casa um “centro de estética” com diversos secadores, bancadas com ferramental de manicure e pedicure, alisavam-se cabelos crespos e encrespavam-se cabelos lisos. Loiras tornavam-se morenas ou ruivas e morenas ficavam loiras...Tinha também a função da máquina de costura, da bancada de engomar e passar roupas. O movimento realmente era grande...e lá estava, sob olhar calmo e alegre, a supervisão do Vô Militão.Já na época da Tia Eni Maria, a vigília era diferente.A função do Vô Militão era de acompanhar a Eni e amigas aos bailes na Sociedade Recreativa Juventude na rua Silva Jardim, no Clube 25 de Julho, ou ainda no Caixeiros Viajantes na rua Dona Laura, empreitadas essas que nunca participei pois minha idade não permitia mas com certeza, tudo isso era sempre acompanhado de uma boa cervejinha Brahma, o qual todos nós absorvemos este salutar exemplo.Ainda sinto o gosto daquela massa feita em casa pelo Vô Militão, com o seu tradicional molho de miúdos de galinha, prato esse exclusivo dos dia 15 de novembro, aniversário da Vó Alice.Saudades Vô Militão!! Saudades!!Retomando os dias de hoje e analisando o que nos restou, o que é na realidade o que somos, pois cada um dos Mello Godoy e Cia, possuem alguma particularidade do Vô Militão, seja no seu jeito, seja na sua cor ou mesmo no seu gosto pela cozinha ou quem sabe em sua sociabilidade. Podemos ser ainda idênticos no seu amor e dedicação pelos filhos e netos ou na sua paixão incondicional pela esposa, minha mãe, a Vó Alice.Nós, os descendentes, trilhamos caminhos distintos, o que é óbvio e natural numa clã, mas possuímos em nosso cerne aquela semente da lisura e da ética para com a família e com toda a sociedade.Lembro como exemplo que o Vô Militão lutou anos e anos para construir o Colégio Piratini e assim o fez, feito esse que beneficia a comunidade como um todo, porém nunca nada para o uso próprio da sua pessoa.A construção da nova Igreja Auxiliadora, o viaduto da quebra de nível na rua Tito Livio Zambicari, causas e causas dos Amigos do Bairro Auxiliadora e Mont Serrat.Assíduo membro do Comitê dos Bairros Auxiliadora e Mont Serrat do PTB – Partido Trabalhista Brasileiro, onde na época eram comum os comícios nos bairros. Participava nas eleições como Presidente de Mesa (coisa que hoje todos fugimos) mas que naquela época era uma distinção toda especial ser escolhido para tamanha responsabilidade civica.Como militar, muito tempo antes da Revolução de 64, ele já demonstrava a sua NÃO conformidade quanto ao movimento antidemocrático de cerceamento ao estado de direito do cidadão, motivo esse que o fez sentir na pele as retaliações em sua vida militar, resultando em seu pedido de reforma, passando para o quadro dos inativos.Temos que nos vangloriar e ficar felizes por termos herdado tal DNA. Temos a tradição da grandeza, graças ao espírito de liderança silenciosa e conciliadora.PAI, onde estiver... FELIZ ANIVERSÁRIO!!!Sempre saudosos, porém engrandecidos!
Teus filhos, noras, netos e bisnetos.
Beto

sexta-feira, 20 de março de 2009

Centenário do Vô Militão

Hoje fui pega de surpresa ao abrir minha caixa de e-mail. Eu diria grata surpresa. Meu avô paterno estaria fazendo 100 anos. Diante de alguns depoimentos de filhos e netos, me emocionei, resgatei lembranças do meu pai e de minha infância, chorei, sorri... Infelizmente não conheci meu avô paterno, mas muito ouvi falar dele.
Agora ao deparar-me com estes depoimentos cheios de emoção e carinho e de uma riqueza de detalhes e informações , percebi que estou sim presa as minhas raízes. Mas estar presa as raízes não é algo negativo, nem pejorativo, e sim algo libertador! Agora sei a quem puxei, de onde vieram os valores que me foram passados pelo meu pai, particularidades do meu caráter que percebi foram passados de pai para filho.
Agora me identifico com essas raízes, me ligo à elas como nunca.
Grata surpresa!
Por isto resolvi montar este blog, para que nele possam ser postados todos os depoimentos sobre nossa família: boas lembranças, desabafos, presepadas o que mais quiserem compartilhar. De alguma forma me sinto mais próxima de todos, logo eu que sempre estive tão distante de tudo isso por muitos motivos.
Quiçá daqui para frente possamos estar mais ligados uns com os outros, possamos estar dividindo alegrias , tristezas, anseios, mesmo que virtualmente.
Aliás este, na minha opinião, é um dos principais objetivos da globalização e da velocidade de informações: estarmos sempre presentes onde quer que estejamos.
Bom o BLOG é nosso e espero poder compartilhar com vocês muitas e muitas histórias.
Um grande abraço,
Daniela